Dão / Uma região de grandes vinhos!
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Por muito que faça deste tipo de provas (não é que as tenha feito muitas vezes...) e que tenha contacto com vinhos velhos do Dão, eles não param de me surpreender. É a conclusão que tiro após mais uma grande jornada à volta dos vinhos velhos, uns mais que outros, do Dão.
Marcas mais ou menos conhecidas (algumas delas nem saíram para o mercado), vinhos mais ou menos velhos (alguns deles mesmo velhotes...), entre brancos e tintos de grande qualidade e sob a batuta de António Narciso, percorremos um pouco da história do Dão. Colheitas, reservas, garrafeiras, brancos, tintos, tinham um dominador comum. Atravessaram os anos em grande estilo. Salvo alguns deles que, por uma ou outra razão, não estavam em condições, portaram-se no geral muito bem, muitos deles mesmo em excelente forma. E o mais impressionante é a quantidade de vinhos baratos que não quebram com o passar dos anos. O Dão, realmente, é uma grande região!
Os que mais me tocaram o coração foram os da Adega de Nelas (entretanto já fechada) com os famosos Fernão Gonçalves. Provamos vinhos dos anos 80 e 90. Todos eles em grande forma, mesmo um ... Nelus, um simples colheita Nelus. Também nos tintos, a grande surpresa da noite foram dois vinhos da Quinta da Fata, dois vinhos de mesa com mais de meio século, 1958 e 1961. Sem palavras.
Nos brancos também muitas e boas surpresas (ou não). Vinhos com 10, 20 anos e mais, a portarem-se de forma gloriosa. Marias, Sobreira (antigos vinhos feitos na Mendes Pereira), Mendes Pereira, Fata, Fernão Gonçalves...alguns deles gloriosos.
Pausa para o almoço, com um excelente bacalhau com natas, pausa de tarde para debicarmos uns queijos, pausa para jantar, com um borrego em forno de lenha. Um luxo.
Os vinhos provados:
Brancos
Nelus 1997: Curioso, quase um Porto seco, ainda com uma acidez muito boa. Acompanhou os doces e queijos.
Fernão Gonçalves Reserva 1996: Contido, muito elegante, fino, belissima acidez. Grande vinho.
Quinta das Marias 2001: Mais um grande branco. Complexo, fino, com muitas flores secas, chá. Belíssimo.
Casa Aranda 2005: Em boa forma, com um toque gulosos e com boa frescura.
Quinta das Marias 2005: Muito jovem, vegetal, com muito futuro pela frente.
Quinta do Covão 2006: Uma curiosidade. Um Dão diferente, muito mineral, fumado. Não é fácil.
Quinta Mendes Pereira 2010: Um belíssimo branco que sai agora para o mercado. Austero, elegante, muito fresco. Um branco com futuro e de comprar às caixas.
Quinta Mendes Pereira 2005 "Brasil": Um vinho feito para exportação para o Brasil que agora, depois de uns anos, é peça preciosa do produtor. E é um senhor branco. Fruta madura, fresco, volumoso. Muito bom.
Quinta da Sobreira 1990: Outro grande branco. Intenso, complexo, encorpado e muito fresco. Adorei.
Rosés
Fonte dos Gonçalvinhos 2010: Um rosé delicado, fruta limpa e muito fresco. Dá prazer.
Tintos
Fernão Gonçalves Reserva 1990: Um vinho muito gastronómico, fresco, terroso, toque animal. Bom vinho, ainda em muito bom estado.
Fernão Gonçalves Reserva 1991: Este é mais vegetal (lembra um Cabernet), com a boca em bom plano, volumoso e fresco. Outro belíssimo vinho.
Fernão Gonçalves Garrafeira 1992: Grande vinho! Sóbrio, fruta em passa, frutos secos. Muito elegante e freco. Dá muito prazer.
Fernão Gonçalves Reserva 1997: Passados este anos todos encontra-se ainda muito jovem. Com fruta viva, intenso e com uma grande acidez. Outro grande vinho.
Fernão Gonçalves Reserva 2000: Outro que tem um largo futuro pela frente. Intenso, muito fresco. Não me importava de ter umas garrafitas...
Nelus 1992: Sim, este é o Nelus colheita...Aroma limpo, delicado, que ainda se bebe muito bem.
Quinta da Sobreira 1990: Antiga marca dos vinhos da Quinta Mendes Pereira. Ainda jovem e vinoso, com boa frescura. Ainda em forma.
Udaca reserva 1980: Os vinho da Udaca provados mostraram-se com defeito, com mofo. Este foi o que se safou. Fino, com boa acidez. Bebe-se muito bem.
Aliança Garrafeira 1987: Alguma volátil que desaparece com o tempo. Boa complexidade, com toque animal, vinoso, boca com tudo no sítio, redonda e fresca. Muito bom.
Caves Velhas 1985: Um vinho ainda muito equilibrado, com toques licorosos. Bebe-se muito bem.
Adega Penalva Reserva 1989: Outro vinho que se encontra ainda muito bebível. Fino, redondo, com o final já algo curto.
Quinta da Alameda 1990: Um vinho pleno de equilíbrio, fino, intenso, fresco. Muito bom!
Casa de Santar Reserva 1996: Diferente. Notas de couro, passa, tabaco, adocicado.
Casa de Santar Reserva 1998: No mesmo estilo, este com um toque animal. Foram os menos conseguidos da prova.
Quinta das Maias Reserva 2000: Poderoso, ainda marcado pela madeira. Gordo, intenso, grande frescura. Precisa de pratos à altura.
Quinta do Sobral 1997: Esquisito, O aroma parece artificial. Adocicado, vegetal a lembrar Cabernet. Não gostei.
Meio Século Reserva 1997: Belíssimo vinho. Balsâmico, com uma grande boca, fresca, com os taninos ainda muito activos. Gostei muito.
Quinta dos Roques Alfrocheiro 1999: Um toque de rolha/animal mas tirando isso mostrou-se à altura. Muito elegante e fresco. Gostei.
Quinta de Camarate 1993: Partimos para outras regiões. Este contrastou completamente com o que estávamos a provar. Já numa fase decadente.
Caves Vale do Rodo 1989: Parecia um Porto...
Piornos Reserva 1996: Outra boa surpresa. Toque de couro, tabaco, muito fresco e seco. Gostei.
"Quinta da Fata" 1958 e 1961: Vinhos que se encontravam na adega do produtor, feitos à antiga e por antigos. E o que dizer destes vinhos...Depois de algum arejamento e decantados, mostraram-se grandiosos. Então o 61 é soberbo, ainda com fruta delicada e pleno de frescura. Grandes vinhos!
Passámos ainda por uns franceses e búlgaros. Nada bebível.
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