Cada vez mais procuro vinhos que me surpreendam, coisa difícil nestes últimos tempos. Posso mesmo contar pelos dedos de uma mão os que o fizeram. Ando um pouco descontente com o que tenho encontrado. Não que não sejam bons, alguns deles grandes vinhos, mas para mim não marcam diferença nenhuma.

Temos, em Portugal, vinhos com grande potencial e isso é provado pelos prémios em concursos internacionais e as altas pontuações dos mais prestigiados e também estivemos, por mais do que uma vez entre os 10 melhores vinhos do mundo para a revista Norte Americana Wine Spectator. Com isto quero dizer que temos muito e bom vinho mas a questão é termos, para mim, vinhos que nos surpreendam. Bebi há dias, num domingo pachorrento, chuvoso, o Vallado Touriga Nacional 2008. Um vinho que foi pontuado com 92 por Robert Parker e ficou em sétimo lugar nos melhores do mundo para a WS. Não fiquei decepcionado, longe disso. É um belíssimo vinho do Douro, um Touriga de respeito, mas na minha opinião nada de transcendental, nada que me deixasse boquiaberto. Heresia? Se calhar sim. Ou provavelmente sou eu que ando cansado e quero alargar horizontes, conhecer coisas diferentes, que me façam pensar. Não mais do mesmo, mesmo que o mesmo seja bom ou muito bom.